Outubro Rosa: informação também é prevenção

  O câncer de mama é o tipo de câncer mais frequentemente diagnosticado, bem como a principal causa de morte em mulheres por câncer no mundo...


 


O câncer de mama é o tipo de câncer mais frequentemente diagnosticado, bem como a principal causa de morte em mulheres por câncer no mundo. No Brasil, são estimados 66.280 novos casos em 2020.

O mês de outubro é dedicado à conscientização da população para prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama e convidamos a oncologista Carolina Matias para tirar algumas dúvidas sobre o assunto.

HF: Sabemos que o fato de ser mulher aumenta o risco de câncer de mama, mas quais são os outros fatores de risco para esta doença?

CM: Cerca de metade dos casos de câncer de mama podem ser explicados por fatores conhecidos como: idade mais avançada, primeira menstruação precoce, menopausa tardia, idade tardia do primeiro filho e alterações proliferativas da mama. Cerca de 10% dos casos são relacionados a fatores hereditários e em torno de 40% dos casos estão associados a fatores de risco modificáveis como obesidade, consumo de álcool e tabagismo.

HF: A terapia de reposição hormonal pode aumentar o risco deste tipo de câncer?

CM: Hoje em dia sabemos que a terapia de reposição hormonal pode aumentar o risco de câncer de mama, principalmente se utilizado por mais de 5 anos e em mulheres acima dos 60 anos. Seu uso por menos tempo, em mulheres nos seus 50 anos e o tipo de medicamento com estrógeno sem progesterona é seguro e não aumenta o risco.

HF: Qual a importância de detectar precocemente o câncer de mama?

CM: Um tumor na mama diagnosticado no início, o que chamamos de estadio I tem mais de 90% de chance de cura. A mamografia a partir dos 40 anos consegue detectar tumores não palpáveis e foi capaz de reduzir a mortalidade por câncer de mama quando comparado com mulheres que realizavam apenas exame clínico sem mamografia. A recomendação da Sociedade Brasileira de Mastologia é de mamografia anual a partir dos 40 anos. Após os 70 anos, a continuidade do exame vai depender da avaliação do médico assistente de cada mulher. O Instituto Nacional do Câncer e o Ministério da Saúde recomendam mamografia a cada 2 anos para mulheres entre 50 e 69 anos.

HF: E mulheres mais jovens? Vemos cada vez mais casos em mulheres com menos de 40 anos...

CM: A mulher mais jovem tem mamas densas, quer dizer que tem muito tecido mamário. Conforme a mulher vai envelhecendo, o tecido mamário vai sendo substituído por gordura e a mamografia é um exame muito bom apenas para mamas mais adiposas, com pouco tecido mamário. Mulheres mais jovens e todas as mulheres devem conhecer suas mamas e relatar ao seu médico qualquer alteração. Além disso, mulheres jovens com história familiar de câncer de mama ou ovário devem ser avaliadas se há necessidade de um exame genético, pois mulheres com alguma mutação hereditária relacionada ao câncer de mama devem iniciar exames mais precocemente, muitas vezes através de ressonância das mamas.

HF: Que alterações nas mamas as mulheres devem ficar atentas?

CM: Qualquer mudança na mama como vermelhidão, abaulamentos, retrações na pele, feridas ou descamações na pele da mama ou mamilo, nódulos palpáveis nas mamas ou axilas e saída de secreção com sangue ou transparente devem ser imediatamente avaliadas por um médico.

HF: E o tratamento? Sempre precisa de quimioterapia?

CM: O câncer de mama provavelmente é uma das doenças mais estudadas no mundo e seu tratamento está cada dia mais individualizado. Normalmente o que levamos em consideração é o tamanho do tumor, se tem linfonodos da axila comprometidos ou não, se tem expressão de hormônios e outras proteínas no tumor, é uma decisão muito individualizada e cada dia estamos fazendo menos quimioterapia de forma geral. Na verdade, estamos cada vez mais sabendo quais pacientes vão ter benefício com esse tratamento e quais não vão ter necessidade pois a chance de cura é elevada mesmo sem quimioterapia.

HF: Outro receio das mulheres é a cirurgia de retirada das mamas. Ela sempre é necessária?

CM: Na verdade a mastectomia, que é a retirada completa da mama, é realizada numa minoria dos casos quando o tumor é detectado precocemente. Há muitos anos sabemos através de estudos clínicos que a chance de cura é a mesma realizando a mastectomia radical ou a cirurgia conservadora, na qual é retirada apenas um quadrante da mama. E mesmo quando há necessidade da cirurgia mais radical, já existe uma lei que garante a cirurgia plástica reconstrutora para as mulheres no Brasil.

HF: E o que as mulheres podem fazer para reduzir a chance de ter essa doença?

CM: Os fatores protetores, que diminuem o risco de a mulher vir a desenvolver o câncer comprovadamente conhecidos são:

- Amamentação: cada 12 meses de amamentação leva a uma redução absoluta de 4,3% do risco de câncer no futuro.

- Atividade física: o benefício da atividade física é independente da redução no peso. Pelo menos 4 horas por semana reduz relativamente 30% o risco de desenvolver o câncer de mama.

- Dieta: uma dieta mediterrânea, rica em vegetais, pobre em gorduras e com baixa ingesta de carne vermelha parece reduzir o risco de câncer de mama em diversos estudos.

Eu falo que é como você dirigir com cinto de segurança. Não quer dizer que a pessoa que usa o cinto nunca vai sofrer um acidente, mas mesmo que aconteça um acidente, se você está usando o cinto tem bem menos chance de ter um desfecho grave ou mortal. Então a mulher deve se cuidar mantendo o peso adequado, fazendo exercícios físicos, mantendo uma dieta equilibrada, não fumar, não ingerir álcool e realizar seus exames de rotina de acordo com sua faixa etária. Sem dúvidas todas essas medidas só trarão benefícios mesmo quando um tumor é detectado.

Carolina Matias
Oncologista

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Jornal de Olinda: Outubro Rosa: informação também é prevenção
Outubro Rosa: informação também é prevenção
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