DEPRESSÃO

O termo “depressão” pode ser usado de várias maneiras, o que pode ser confuso para médicos não especialistas. A depressão, de uma forma geral, se refere ao estado de humor evidenciado por sentimentos de tristeza, desespero, ansiedade, vazio, desânimo ou desesperança e dificuldade em exprimir os sentimentos. O humor deprimido pode ser uma resposta normal e, às vezes, adaptativa à perda, decepção ou fracasso.
 
Vamos nos ater a depressão maior unipolar (Transtorno Depressivo Maior ou TDM) por ser esta, a doença psiquiátrica mais comum na população geral. Embora os sintomas de depressão sejam evidentes, poucos pacientes discutem esses sintomas abertamente com os médicos. Acredita-se que, a menos que sejam questionados diretamente sobre seu humor, a maioria dos pacientes omitem informações sobre os sintomas depressivos por uma variedade de razões, incluindo medo de estigmatização, crença de que a depressão não é uma doença "real", preocupações sobre a confidencialidade dos registros médicos e preocupações sobre a prescrição de medicamentos antidepressivos ou o encaminhamento a um psiquiatra.

A idade média de início da TDM entre pacientes atendidos em triagens é em torno dos 30 anos. O diagnóstico é clínico. Não há exames laboratoriais que definam a doença.

TDM se manifesta com cinco ou mais dos seguintes sintomas, presentes na maior parte do dia, quase todos os dias, por um mínimo de duas semanas consecutivas. Pelo menos um sintoma é humor deprimido ou perda de interesse ou prazer.

• Humor deprimido
• Perda de interesse ou prazer na maioria ou em todas as atividades
• Insônia ou hipersonia (sonolência excessiva)
• Mudança de apetite ou peso
• Retardo psicomotor ou agitação
• Energia baixa
• Dificuldade de concentração
• Pensamentos de inutilidade ou culpa
• Pensamentos recorrentes sobre morte ou suicídio
  

Os sintomas causam sofrimento substancial ou prejudicam o funcionamento psicossocial. Além disso, não podem ser explicados pela resposta a uma perda significativa, embora o clínico deva ainda considerar cuidadosamente a possibilidade de depressão se os sintomas se estendem além do que é normal após a perda de um ente querido (luto).
 
Em pacientes com doenças crônicas, a taxa de depressão é significativamente mais alta (aproximadamente 25%) quando comparada à população geral (3% no Japão , 17% nos Estados Unidos). São particularmente altas em doenças do sistema nervoso central (por exemplo, acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como derrame, lesão cerebral traumática, doença de Parkinson) distúrbios cardiovasculares e câncer, entre outras.

Os fatores de risco para TDM envolvem influências genéticas, médicas, ambientais e sociais e incluem:

• Idade mais jovem
• Episódio depressivo anterior
• História familiar positiva
• Sexo feminino
• Parto (ou seja, depressão pós-parto)
• Trauma de infância
• Eventos de vida estressante
• Renda mais baixa
• Fraco suporte social
• Doença médica grave
• Demência
• Transtorno de uso de substâncias

Combinações de antidepressivos são geralmente usadas para o tratamento do transtorno depressivo maior TDM que é resistente ao tratamento com um único antidepressivo. A psicoterapia adjuvante também é uma opção.

Kleber Matias
Médico e Jornalista

Fonte: Uptodate