Terezinha Barros Costa Rêgo nasceu em 28 de abril de 1929 em Recife. Filha única entre cinco irmãos, foi uma criança triste, rica e muito solitária. Sua família era da tradicional e já decadente aristocracia do açúcar. Desde pequena gostava de pintar, tendo suas primeiras aulas em um colégio de freiras. Na adolescência já mostrava talento. Tanto que, incentivada por seu irmão mais velho, cursou a Escola de Belas Artes. A Escola de Belas Artes foi a abertura da primeira janela, costumava dizer. Nessa época conhece Francisco Brennand, Reynaldo Fonseca, Abelardo da Hora entre outros artistas daquela geração que a influenciaram muito, principalmente Abelardo.
Casada, com duas filhas, mas muito insatisfeita com o que ela chamava de opressão da cultura judaico-cristã, troca toda segurança de um casamento estável, de uma vida confortável para viver a maior aventura de sua vida. Agora não mais uma janela, mas a porta do mundo se abre definitivamente para essa mulher que se apaixona, em plena ditadura militar, pelo dirigente do Partido Comunista do Brasil. Assume a identidade de Joana e entra para a clandestinidade. Quando lembra dessa fase de sua vida costumava dizer: “Fui educada para ser a boneca que enfeita o piano na sala de visitas, acontece que um dia eu saltei do piano e fui embora”. Pagou um preço alto por deixar suas filhas e enfrentar um divórcio difícil, mas não se arrependeu e reconheceu que Joana a formou para a vida.
Pintou muito pouco durante o exílio que durou de 1965 até sua volta ao Brasil em 1979. Não sabia o paradeiro das obras que deixou na China, na França, no Chile e em São Paulo. Fez durante sua vida mais de 20 exposições de sucesso se tornado a artista mais cara de Pernambuco, mas isso não mudou a forma simples de como encarava a vida. Foi funcionária pública por muitos anos, seu último emprego público foi como administradora do Museu do Mamulengo em Olinda.
Embora seja uma artista de importância nacional, sempre se considerou uma artista local, uma artista de Olinda. Trazia com ela a humildade dos grandes. Em 26 de julho de 2020, aos 91 anos, Tereza Costa Rêgo deixa o mundo das artes, a cidade que tanta amava, Olinda, e finalmente a vida.
Haroldo de Freitas
Fotógrafo e Jornalista
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